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sexta-feira, 6 de março de 2015

"COR'antes do Pão" - Merecia muito mais a exposição de Carlos Godinho


A velha e estafada frase que “vale mais poucos e bons, do que muitos e maus”, não se pode aplicar aqui na minha perspectiva. A exposição do pintor Carlos Godinho "COR'antes do Pão", que ontem abriu ao público na Galeria do Centro Cultural de Arronches, merecia mais público.
Se algo não tem para mim justificação nesta ausência de público, está consubstanciado no facto de existir um protocolo que envolve todos os representes dos órgãos autárquicos, instituições e colectividades. Logo, seria presumível que houvesse sempre, ou quase sempre, um número significativo de presenças nestes actos culturais - ontem, só o Vice-presidente e o Vereador da Cultura do Município e o Presidente da Junta de Freguesia de Assunção a nível autarquico, um representante do Rancho Folclórico de Arronches e do LIJE. Pouco, muito pouco. Não podem nem devem estar eventualmente pelo meio, envolvidas cores ou ideologias partidárias. A cultura é de todos… e para todos.

Carlos Godinho, sem menosprezo por todos aqueles que passaram por este, ou outro espaço cultural nos últimos anos é, sem sombra para dúvidas, o mais conceituado internacionalmente. No seu currículo figuram para além das inúmeras exposições em território nacional, países como Espanha, Estados Unidos, Brasil, Inglaterra ou Japão, entre outros locais. Este ano vai participar na exposição de lançamento de Cáceres (Espanha), como capital da Cultura em 2016.
Carlos Godinho situa-se (segundo disse ao Notícias de Arronches), como artista, como pintor, no surrealismo e também no visionismo, uma outra corrente em que participa activamente em Portugal. As telas que nos trouxe a Arronches tocam-nos de perto, porque nelas para além do domínio sempre difícil da luz, da cor, do traço, do cromatismo de cada uma delas, está um pedaço desse "pão" e deste nosso Alentejo.
Mas ainda os arronchense e não só, podem desfrutar da obra deste alentejano que, com a humildade dos grandes, soube compreender a falta de público na abertura da sua exposição - que nos deve dar que pensar: o que queremos a nível cultural no nosso Concelho.

"Nascido em S. Lourenço de Mamporcão (Estremoz), tendo dedicado parte do seu tempo à pintura de cartazes e catálogos, à ilustração de capas de livros e a um bom número de colaborações jornalísticas e radiofónicas. Licenciado em Ensino na variante de Educação Visual, pela Escola Superior de Educação de Portalegre (E.S.E.P.), frequentou a Faculdade de Belas-Artes de Lisboa e é Mestre em Sociologia pela Universidade de Évora. Tem comissariado diversas exposições de outros artistas plásticos portugueses, em diversos espaços na cidade de Estremoz Considera que a pintura a óleo deixa antever uma “forma diferente” de olhar a cor dos espaços que se podem contemplar.
Cada traço pode ser olhado de múltiplas formas. Assim, cada quadro é o despertar para uma realidade de descobertas para além do consciente. A luz, a forma e a cor transportam-nos para um número (in)finito de construções que apenas cada um pode percepcionar. Em cada ponto visionamos um equilíbrio expresso nos modelos. Aqui não temos que olhar o que nos é comum mas o que nos conduz a uma visão mais lata de tudo quanto nos rodeia. Cada pintura é mais do que aquilo que conseguimos fotografar. É aquilo que nós queremos em cada momento". 
É o que se pode ver naquilo que cada tela apresenta. São as suas telas nesta exposição "COR'antes do Pão" que vamos poder ver até 31 de Março na Galeria do Centro Cultural de Arronches. Vá até lá e perca-se admirando o trabalho deste alentejano genial.
De referir ainda, que no átrio do Centro Cultural de Arronches, encontra-se outra exposição patente ao público sobre o "Lince Ibérico"