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sexta-feira, 10 de março de 2017

Ministro da Agricultura em entrevista fala do futuro do Alqueva e da Coudelaria de Alter do Chão

Capoulas Santos: "Queremos retirar do abandono muitos milhares de hectares e entregá-los a entidades que os possam gerir"

 




O ministro da Agricultura, Capoulas Santos, em entrevista ao Sapo online,fala dos objectivos do governo para o sector. Para já, é preciso fazer chegar os apoios comunitários aos agricultores. Depois vem o regadio e as florestas. E fique atento: vêm aí muitas novidades para quem quer um pedaço de terra para trabalhar.
Capoulas dos Santos já tinha sido ministro da Agricultura nos governos liderados por António Guterres, entre 1995 e 2002. Depois foi para o Parlamento Europeu, onde ocupou um papel de destaque na negociação da PAC (Política Agrícola Comum) e de onde saiu quando António José Seguro lhe comunicou que o sector deixou de ser uma prioridade política. Não gostou, diz na entrevista. 
Luís Capoulas Santos está de volta e cabe-lhe defender o país num dos mais difíceis pacotes de ajudas comunitárias à agricultura, as que virão depois de 2020. Tem uma ideia muito clara do que quer para Portugal e para os seus cerca de 300 mil agricultores. Dos quais faz parte.
Questionado sobre se "As vacas vôam", respondeu: "As vacas não voam, mas a agricultura portuguesa descolou. É um sector que cresce acima do resto da economia, as exportações também e está a fazer um trajecto de ascensão. Vendemos 62 novos produtos para 20 novos países e temos em negociação 199 produtos para 55 novos mercados. Há de facto procura de produtos portugueses".

Esteve recentemente em Estrasburgo para negociar a nova PAC (Política Agrícola Comum), que virá depois de 2020.

Ali diz que "foi a primeira discussão e Portugal foi o único Estado que distribuiu um documento com visão própria. Em linhas muito gerais, defendo que é necessário garantir que o orçamento da PAC não diminui – para além do que resulta do Brexit, que é um dos maiores contribuintes líquidos. Em segundo, defendo a manutenção do equilíbrio nos seguintes pilares: a garantia dos pagamentos directos aos agricultores, os apoios ao investimento em infra-estruturas agrícolas, o apoio aos jovens e aos pequenos agricultores, porque são eles que garantem a ocupação do território e, por último, a possibilidade de criar um mecanismo de protecção contra a volatilidade dos mercados".

"ESTAMOS A NEGOCIAR COM O BEI (BANCO EUROPEU DE INVESTIMENTO) 200 MILHÕES PARA FINANCIAR 47500 HECTARES DE REGADIO NO ALQUEVA"

"Outro grande objectivo é a questão do regadio, fundamental para uma agricultura competitiva em Portugal. Outra das heranças que recebi foi uma total ausência de garantia de financiamento para a conclusão do projecto do Alqueva, onde estão a fazer com condições identificadas mais cerca de 50 mil hectares de regadio, quase um terço daquilo que já está feito", diz o Ministro. Esse investimento "não foi incluído na negociação do PDR, nem foi garantida qualquer fonte de financiamento para o realizar. Tendo nós aquela infra-estrutura, com aquela reserva de água, com bons terrenos agrícolas para serem utilizados num projecto que se está a revelar um sucesso, outra das grandes preocupações foi encontrar forma de financiamento para que as obras não parem. Nesse sentido, estamos a negociar com o Banco Europeu de Investimento, no âmbito do Plano Junker [315 mil milhões em três anos para relançar a economia europeia], um acordo que deverá estar concluído neste mês ou no próximo".

"ALGUNS EDIFÍCIOS DA COUDELARIA EM ALTER DO CHÃO VÃO SER POSTOS A CONCURSO PARA ALI SER INSTALADA UMA UNIDADE HOTELEIRA DE GRAU ELEVADO"

Sobre esta matéria que se vêm arrastando e importante para o Norte Alentejano, tem as ideias claras e afirma nesta entrevista: "A Coudelaria de Alter, que é, aliás, uma componente que queremos valorizar. O governo anunciou que pretende potenciar o pólo turístico associado à Coudelaria de Alter. E alguns edifícios da coudelaria em Alter do Chão vão ser postos a concurso para ali ser instalada uma unidade hoteleira de grau elevado por forma a que a componente turística associada ao cavalo e ao cavalo lusitano possa ser mais bem aproveitada e criar até condições de auto-sustentação daquele espaço". (Créditos-Sapo|Isabel Tavares e Paulo Rascão)